“Os cidadãos fazem a cidade e a cidade faz os cidadãos”. E o Porto, pelo seu “ambiente, topografia e história, marca pela diferença”. Foi com este pensamento que o arquitecto Rui Loza iniciou a sua intervenção. Numa autêntica aula de Urbanismo dada ao público presente, explicou que as transformações fazem parte do ADN das cidades. “Anormal seria se em 2017 estivéssemos como em 2007. A cidade mexe-se. Isso é que é normal”, aferiu.
Observando o momento que o Porto atravessa com especial admiração, o arquitecto Rui Loza não deixa de reconhecer que o ritmo acelerado de mudança devolve ao município uma série de desafios, sobretudo ao nível da sustentabilidade. Da avaliação que faz, nesta equação o turismo assume um papel de relevo, como principal preconizador da reabilitação necessária à regeneração da cidade.
“Dificilmente encontramos uma cidade mais interessante do que o Porto para viver”
São múltiplos os vectores que para o Professor Rui Loza contribuem para o novo paradigma de cidade que está a ser construído. Elegendo a capacidade de “previsão” como um os maiores trunfos para o Porto de futuro, o arquitecto entende que o “planeamento urbanístico” em curso tem assegurado essa visão a longo prazo.
Há, naturalmente, desafios, que afloram neste âmbito do planeamento urbano. Para o Professor, que deu como exemplo o crescimento exponencial de alojamentos turísticos no centro da cidade, o município deve, dentro dos mecanismos de que dispõe e dentro da sua esfera de actuação, promover a criação de nova habitação para a classe média na baixa do Porto, promovendo, desta forma, um maior equilíbrio entre a oferta turística e o número de residências permanentes. Uma medida, aliás, que está a ser implementada pelo actual Executivo municipal e que, no seu entendimento, deve prosseguir de forma continuada e sustentada.
Terminando a sua intervenção com a ideia de que as “cidades precisam de injecções de energia”, porque “todas as áreas urbanas têm momentos de pressão e de depressão”, o actual vereador do Urbanismo da Câmara do Porto acredita que “dificilmente encontramos uma cidade mais interessante do que o Porto para viver”. Porquê? Pela qualidade de vida que oferece e pelo equilíbrio territorial que proporciona.
Nota biográfica
Rui Loza é actualmente vereador do Urbanismo da Câmara do Porto. Administrador da Porto Vivo, SRU, o arquitecto, urbanista e investigador acumula larga experiência em processos de Reabilitação Urbana, Ordenamento do Território e Ambiente.
Foi coordenador da elaboração do processo de candidatura do Centro Histórico do Porto a Património Mundial da UNESCO (1996) e coordenou, em 2008, a equipa que elaborou o Plano de Gestão do Centro Histórico do Porto, Património Mundial.
Rui Loza é também autor de numerosos planos e projectos de arquitectura e de urbanismo e de um grande número de artigos, comunicações e conferências sobre Arquitectura, Planeamento, Reabilitação Urbana, Política de Cidades, Turismo Cultural e Património.