“Por descentralização, não entendo municipalização”, explicou à audiência Joaquim Azevedo. Para o Professor, que no início da sua intervenção referiu não ser apoiante de nenhuma candidatura à Câmara do Porto, o modelo de governação local para a educação deve ser pensado à escala metropolitana.
Mas concentrando a sua intervenção sobre o município do Porto, o Professor alertou para os problemas de abandono e insucesso escolar, de delinquência e marginalidade, que persistem nas escolas da cidade, a que não é alheio o facto de seis por cento da população estudantil estar sinalizada pela CPCJ. Estão, portanto, identificadas diferentes manchas urbanas que se devem trabalhar com intensidade, sobretudo ao nível da intervenção pedagógica.
Lamentando que a própria escola pública tem, paradoxalmente, “gerado exclusão social”, para Joaquim Azevedo há medidas que podem transformar o actual quadro. Desde logo, o aumento da responsabilidade e do grau de comprometimento de todos os participantes do projecto educativo. O Professor não aspira que o Porto se torne no Farol Mundial da Educação, mas quer ver uma cidade “mais inclusiva” no contexto escolar.
SETE MEDIDAS PARA UMA ESCOLA PÚBLICA MAIS INCLUSIVA
Como tal, Joaquim Azevedo propõe mais cooperação, notando que, actualmente, o Conselho Municipal da Educação é “demasiado formal e administrativo”. Salientou o Professor, que a solução passa por fomentar o diálogo entre todos os agentes educativos. Em segundo, o investigador enunciou o desenvolvimento do trabalho em rede, em que todos se integrem (pais, alunos e professores), salientando que a participação “dos alunos é decisiva”.
Crítico da escolaridade obrigatória até aos 18 anos, Joaquim Azevedo propõe uma lógica de “empoderamento e de capacitação” da sociedade educativa. Como bom exemplo, referiu o programa municipal Porto de Futuro, embora considere que “é preciso dar mais força a estas dinâmicas” de aprendizagem. Na sua opinião, é igualmente necessário ter um projecto sustentável, que descreve como “um trabalho duro”, mas perfeitamente alcançável no Porto, “do ponto de vista do capital humano e técnico”.
Por via da avaliação participada é possível uma melhoria contínua dos projectos em curso, evitando que se tornem meros “relatórios de gaveta”. A concepção de um projecto de desenvolvimento da educação, “construído pela população e pelos diversos sectores sociais” é outro dos aspectos a considerar, defende o Professor.
Certo de que o Porto está na moda, “e que isso é bom por todas as razões”, o Professor Joaquim Azevedo entende que esta realidade não pode branquear a exclusão social que ainda existe. Como sintetizou, o envolvimento da sociedade no contexto escolar e o reforço das competências dos municípios, devem ser os pontos de partida para uma melhor Educação.