Aquando da primeira candidatura de Rui Rio à Câmara do Porto, lembrou Hélder Sampaio, “a única entidade da cidade que teve coragem de lhe abrir as portas foi a Associação Comercial do Porto” (na altura era Rui Moreira presidente da Associação). Um acto de coragem e de fazer a diferença que “foi uma pedra no charco”.
Depois, quando Rui Rio ganhou as eleições e, quando algum tempo depois, verificou Hélder Sampaio que o próprio programa cultural que tinha gizado com Paulo Rangel não estava a ser cumprido, admitiu que se “sentiu dividido entre a razão de acudir aos mais frágeis, adoptada pelo presidente da Câmara e a anulação completa das questões culturais”.
Afastado da política há mais de uma década, o antigo membro do Conselho de Administração da Casa da Música explicou que, chegado ao final do terceiro mandato do antecessor de Rui Moreira, entende que a “cidade crescia, mas era uma cidade triste”. Para ele, o Porto era gerido de “uma forma excessivamente pragmática”.
”QUANDO ESTÁ TUDO BEM, NÃO SE MEXE”
“Que chatice haver eleições outra vez”, brincou Hélder Sampaio, esclarecendo que não se referia como chatice ao momento democrático eleitoral. Mas, entende, quando tudo está bem não se mexe. E, acredita, que na globalidade os portuenses pensam da mesma forma. Por isso acha, convictamente, que a cidade vai continuar a sorrir.
Apontando a sua avaliação para os adversários de Rui Moreira, disse Hélder Robalo que tirava o chapéu a Rui Moreira por em em nenhum debate ter confrontado Manuel Pizarro com a obra dos bairros sociais: “Foi obra sua ou obra nossa?”.
“DEPOIS DO GALOPAR DA PORTO 2001, A CIDADE PARECE QUE TEVE UM SÚBITO ARREPENDIMENTO DE SER FELIZ”, DISSE RUI MOREIRA
Aproveitando as palavras de Hélder Sampaio, Rui Moreira lembrou que no seu livro “Uma questão de carácter”, já dizia que a cidade, após a Porto 2001, parece que teve arrependimento de sonhar. “Um tempo de ressaca”, enunciava um dos seus artigos.
O paralelismo também se faz com o presente. “Quando as pessoas têm medo do futuro, do turismo”, do crescimento da cidade até, podemos depois voltar ao que éramos, advertiu.
No final Rui Moreira disse que acredita ter dado provas suficientes de que a coesão social não é incompatível com a cultura. “Bem pelo contrário. Porque é a cultura que vai permitir tirar pessoas deste ciclo. É, sem dúvida, a melhor cura”, rematou.