27 Outubro, 2019

“Dois anos depois continuo a achar que o Presidente da Câmara do Porto é o Presidente do Norte do País”, diz Luís Reis

Luís Reis, administrador da Sonae e professor universitário, foi um dos oradores-convidados da sessão das Conversas à Porto em que se projectou o futuro da cidade nos próximos seis anos. Na sua intervenção, destacou que continua a achar que “o presidente da Câmara do Porto é o presidente do Norte” e explicou por que considera ser o Porto a melhor cidade do mundo para se viver. Não faltou ainda um diagnóstico sobre o importante papel do Porto e da Região Norte para a produção de riqueza nacional e ideias para a cidade de 2025.

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“Há dois anos e um par de meses, na sessão de lançamento da candidatura [independente], disse que o presidente da Câmara do Porto é o representante de toda a Região Norte e continuo a achá-lo cada vez mais”, afirmou Luís Reis, como primeira nota prévia.

Natural de Coimbra, o administrador da Sonae, partilhou ainda no início da conversa que vive no Porto por opção, porque considera que é a melhor cidade do mundo para se viver e nos últimos anos é ainda muito melhor. “Estou ainda mais satisfeito hoje por viver no Porto do que estava há cinco ou há dez anos”, salientou.

Nove números confrontam o centralismo

Os primeiros quatro números são positivos e foi por eles que Luís Reis começou. O Norte é a região do País com maior proporção de despesa em Investigação e Desenvolvimento (I&D) por parte das empresas, comparando com todo o território, incluindo Lisboa (gera 0,8% PIB), referiu o também médico de formação.

Em segundo, esta Região é a que mais contribui para a balança comercial de bens do país, ainda que esteja cada vez mais desequilibrada, “devido a uma região em concreto que é Lisboa”, notou. Aliás, a série de números negativos nacionais tem-se agravado nos últimos anos, ao contrário do Porto, “que sempre teve uma balança comercial de bens positiva”. Em 2010, estava nos 2 mil milhões de euros e hoje aproxima-se dos 6 mil milhões, revelou Luís Reis que focou a sua intervenção no tema da Economia.

Na Região Norte estão ainda os seis municípios que mais exportam “entre os dez do País que não têm as boleias da Galp ou da Autoeuropa”, comparou. Já o quarto número positivo refere-se à intensidade tecnológica exportadora do Norte, “que é a mais elevada do país”, muito acima de Lisboa.

Por outro lado, há cinco números que preocupam o gestor. O primeiro, relacionado com o facto de a população da Região Norte estar a diminuir, sendo aquela que a nível nacional regista a maior taxa de envelhecimento. “Acho absolutamente crítico atrair e fixar jovens” para contrariar os actuais dados estatísticos, que indicam termos “153 pessoas com mais 65 anos por cada 100 jovens”, assinalou.

Apesar da progressiva redução da taxa de desemprego nacional, o Norte tem ainda a taxa acima da média do país. Este indicador, acredita o CEO da Sonae, está relacionado com a criação de emprego, em várias regiões “fortemente ligado aos serviços e infelizmente ao sector público”. Ora sabendo que grande parte da função pública está concentrada em Lisboa, Luís Reis constata que “estamos a agravar o défice estrutural, aumentando a população de Lisboa e, por essa via, aumentando os custos estruturais do país. E o Porto, como vimos pelas exportações, paga a factura”.

O Norte é ainda a região com a menor proporção de população activa com educação secundária ou ensino superior, mesmo tendo as melhores universidades. “É preciso apostar numa educação activa e agressiva da população”, propõe como solução o professor universitário.

Além disso, a formação bruta de capital fixo, ou seja, a capacidade para investir, é ainda reduzida, pois continua abaixo dos valores de 2010. “Significa que as empresas do Norte estão a exportar mais, mas sem investir mais para preparar a exportação futura”, explica Luís Reis, admitindo que este é o indicador que mais o preocupa.

Por fim, a produtividade aparente do trabalho é na Região Norte a mais baixa do país, factor “intimamente ligado ao tema da educação”, considerou.

Ideias para o Porto de 2025

Numa auscultação realizada a jovens com 13,5 anos de média de idades, promovida pelo filho de Luís Reis num grupo Whatsapp, rapidamente o gestor concluiu que as novas gerações valorizam cidades atentas às questões ambientais, à sustentabilidade, aos novos modos de mobilidade urbana e também à educação dos cidadãos e aos apoios sociais. Entre as “reivindicações”, pediram-se menos carros nas ruas, mais carros eléctricos, mais áreas verdes, mais praias limpas, mais pontos de reciclagem, mais bolsas de estudo para as crianças pobres, mais residências para sem-abrigo, restaurantes solidários e chuveiros públicos.

Três reflexões para o Porto

Depois de apresentar números factuais e de transmitir aquilo que os eleitores de amanhã esperam da sua cidade, Luís Reis deixou três reflexões para o Porto: “viver, vibrar e valorizar”. “Viver” em tudo aquilo que seja melhorar a habitação, os transportes, ter mais zonas verdes, ser neutro do ponto de vista do carbono. “Já vivemos muito bem, mas ainda devemos esforçar-nos por viver melhor”, entende o administrador.

Em segundo, “vibrar”. Luís Reis acha que a cidade precisa de ser ainda mais vibrante e incomoda-se “com os que se incomodam com a vibração da cidade”. E “valorizar”. Para o professor universitário, “temos de educar mais, formar melhor e promover mais empreendedorismo”, de modo a cristalizar valor na Região Norte e no Porto. Por exemplo, “por que não aspirar a sermos o melhor sítio do mundo para inteligência artificial e genomics? Podemos ser o São Francisco destas duas áreas”, deixou a sugestão.

Nota biográfica

Luís Filipe Reis é doutorado em Ciências Económicas e Empresariais pela Universidade Complutense de Madrid. Tem um MBA e um mestrado em Gestão pela Universidade do Porto, ao que acresce a sua formação em Medicina pela Universidade de Coimbra. Actualmente é CEO da Sonae Financials Services, CEO da Sonaegest, CEO da Sonae Sports and Fashion e vice-presidente da MDS. É também membro do conselho do World Business Council For Sustainable Development e membro de várias associações de comércio internacional. É presidente do Conselho Geral e de Supervisão da Porto Business School, docente convidado da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, membro do Business Advisory Board do INESC TEC e membro do Innovation Advisory Board da Universidade do Porto. Foi chief corporate center officer da Sonae durante oito anos. Entre outros cargos que ocupou, foi ainda presidente da APED, membro do Conselho Geral da AEP e membro do Conselho do EuroCommerce, assim foi apresentado Luís Reis por Helena Tavares, membro da direcção do Porto, o Nosso Movimento.

 

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