Ao JN, Francisco Ramos considerou que “sabendo que [Rui Moreira] não vai deixar ficar esta missão a meio, estou plenamente convencido que se não conseguir implementar este programa em oito anos, o implementará em 12 anos”. Como observou o Presidente da Direcção da Associação Cívica – Porto, o Nosso Movimento, este cenário pode acontecer caso o bloco central, formado pelo PS e PSD do Porto, constitua uma força de bloqueio à governação independente.
Sobre a decisão, no final do ano anterior, de fundar uma Associação Cívica que perpetuasse o movimento independente no Porto, Francisco Ramos explicou que a vontade que presidiu à sua constituição foi, precisamente, a de “criar condições para organizar e agregar todos aqueles que se identificaram com o movimento nos últimos cinco anos”. Além disso, referiu, um dos objectivos é escrutinar o Manifesto Eleitoral de forma construtiva, analisando se o mesmo está a ser cumprido pelos seus principais protagonistas, quer sejam os eleitos à Assembleia Municipal, os vereadores e o próprio presidente da Câmara. O compromisso dos associados do Porto, o Nosso Movimento passa, também, por uma participação ativa: “vamos ainda acompanhar os principais projectos e dar contributos a esses protagonistas”.
Outra função que caberá aos membros da Associação é servir de escudo político ao presidente da Câmara que, no primeiro mandato, se viu privado desse apoio em algumas situações, fruto da total ausência de uma estrutura formal do movimento independente.
Nesse sentido, Francisco Ramos sumariza que no Porto, o Nosso Movimento cabem todos os cidadãos: “temos uma associação verdadeiramente livre, independente, não partidária, que agrega pessoas da Esquerda, da Direita, com partido e sem partido. Todos aqueles que estejam verdadeiramente empenhados em construir um Porto de futuro cabem nesta associação”.
Associação Cívica – Porto, o Nosso Movimento define-se pelo seu carácter pluralista
Com um número de associados em crescendo, Francisco Ramos identifica várias personalidades, como Vasco Ribeiro, que foi assessor de imprensa do grupo parlamentar do PS, ou Sérgio Vieira, que foi líder da concelhia “quando este partido era vitorioso na cidade”, para exemplificar a pluralidade que caracteriza a Associação. Nesse sentido, interessa “reunir uma série de pessoas que têm um único propósito comum, a defesa dos interesses da cidade, e que não a usam como porto de passagem ou com outros objetivos políticos”.
Também no Conselho Consultivo, liderado por Miguel Pereira Leite, presidente da Assembleia Municipal, e membro do Conselho de Fundadores da Associação Cívica – Porto, o Nosso Movimento, Francisco Ramos revelou ao JN que contará com militantes do PS e do PSD, a anunciar brevemente.
Sobre a clara formação de um bloco central na cidade do Porto, muito provavelmente com objectivos nacionais, o Presidente da Direcção do Porto, o Nosso Movimento vê com apreensão esta aproximação estratégica entre os dois maiores partidos nacionais. Na sua opinião, algo que está a prejudicar os superiores interesses da cidade: “a empresa municipal da cultura é um exemplo flagrante de união entre o PSD e o PS numa matéria em que sempre tiveram opiniões distintas. Essa coligação negativa é um mero xadrez político nacional. Os interesses do Porto estão a ficar subjugados”.
Face a esta constatação, uma certeza: o movimento independente não vai deixar ficar o seu projeto a meio. E, por esta razão, não descarta a recandidatura de Rui Moreira ao terceiro mandato. “Independentemente de todos os méritos da associação, o seu principal protagonista e líder é Rui Moreira. E o título de presidente do Conselho de Fundadores evidencia isso mesmo. A associação quer ser um complemento, não se esgota no presidente da Câmara, nem se extingue com a sua futura saída”, concluiu.
Consulte aqui na íntegra a entrevista publicada no Jornal de Notícias, a 9 de Abril de 2018.