Porque a “cidade está em rápida mutação”, começou por explicar Rui Moreira, muitas vezes tornam-se imperceptíveis as mudanças que ocorrem no ambiente. Designando-as “como obras invisíveis, que nenhum presidente gosta de fazer”, o candidato independente lembrou o aluimento da Rua Mouzinho da Silveira, que aconteceu em 2013 e obrigou a Câmara a uma intervenção imediata, o desvio das águas na zona do Fluvial, ou desvio dos recursos hídricos no subsolo do Bolhão, obra que está concluída, e que é fundamental para a construção dos pisos subterrâneos que estão previstos no projecto de requalificação do Mercado.
Considera Rui Moreira que estes são temas que atraem pouco os órgãos de comunicação social. Deu ainda outro exemplo. “Está a ser feito um trabalho de fundo na despoluição do Rio Tinto, que já devia ter sido iniciado há 50 anos atrás”. O investimento, na ordem dos 10 milhões de euros, como complementou Filipe Araújo, vai permitir duplicar a área do Parque Oriental da cidade, e estender um passeio entre as margens do rio Douro até Gondomar.
“TEMOS QUE NOS PREPARAR ACTIVAMENTE PARA O FUTURO”
Entusiasmado com o trabalho e o volume de projectos que, nos últimos anos, o pelouro do Ambiente da Câmara Municipal tem colocado em prática, Rui Moreira apresentou propostas para o próximo mandato autárquico, identificando a sustentabilidade como o pilar transversal às questões do ambiente, da mobilidade e da inovação.
O projecto de intervenção para a parte final da Avenida da Boavista (com extensão de cerca de um quilómetro), aprovado e com financiamento garantido, é para avançar. Neste âmbito, vai proceder-se à colocação de uma via pedonal, vão plantar-se árvores, e vai abrir-se uma ribeira central, “não por questões meramente decorativas, mas porque vai facilitar a drenagem das águas em períodos de grande precipitação”, explicou.
Rui Moreira quer também que o Porto se posicione na vanguarda das cidades globais que se adaptam às mudanças, com medidas inovadoras, ecológicas, que contrariem as alterações climáticas. Desde logo, propõe a ideia de “uma floresta urbana” na Quinta dos Salgueiros, espaço votado ao abandono há largas décadas, próximo da VCI. No âmbito desta proposta, o candidato do Nosso Partido é o Porto recordou a sua política de habitação de aumento dos índices de construção, em zonas de expansão da cidade, próximas das rede de transportes públicos.
Para o candidato independente, esta área da Quinta do Salgueiros pode muito bem servir o intento. Uma ideia que resolve problemas de urbanismo e de habitação. A edificação respeitaria a obrigatoriedade de colocação de coberturas verdes, e a envolvente caracterizar-se-ia pelos espaços verdes.
Permitir que os portuenses se desloquem, com mais frequência, dentro da cidade em transportes públicos, é mais uma missão de Rui Moreira. “Estamos agora em condições de ter uma frota atraente e funcional”, disse o candidato, aludindo à recente transferência da gestão da SCTP para os seis municípios onde opera. O investimento em veículos “eléctricos e a gás, mais amigos do ambiente, que garantam mais conforto e segurança aos cidadãos”, foi outro dos aspectos que salientou.
A mobilidade através de meios suaves não é também uma questão nova para o candidato. Nas Conversas, referiu que, já há algum tempo, a autarquia estuda a melhor forma de deslocação entre a cota alta e a cota baixa da cidade.
“OS CÍRCULOS POLÍTICOS SÃO MUITO APRESSADOS. É MAIS FÁCIL PROMETER OBRAS FARAÓNICAS”
É o caminho mais fácil, mas não é, para Rui Moreira, o mais justo para a cidade. É preciso trabalhar e perspectivar a longo prazo, e as questões ambientais são talvez as que mais se enquadram nesta linha de pensamento. Não raras vezes, distanciam-nos gerações entre a aplicação das medidas e o seu impacto real. O mesmo acontece também, por exemplo, na dimensão educativa.
“Não ter medo do futuro”, significa, por isso, preparar a cidade para estratégias a longo prazo. “Para que a democracia sobreviva, temos de acabar com a vertigem do imediato”, defende o candidato. Algo que, explica Rui Moreira, tem sido o comportamento da cidade do Porto nos últimos anos com as políticas que lançou. “Temos tido mais reconhecimento internacional do que nacional”, concluiu.
“13 MIL METROS QUADRADOS DE COBERTURA VERDE PARA O PARQUE INTERMODAL DE CAMPANHÔ
Nas Conversas à Porto sobre ambiente, nota ainda para a intervenção de Filipe Araújo, que explicou que o projecto para o Terminal Intermodal de Campanhã, que vai ocupar uma área de cerca de 20 mil metros quadrados, tem contemplados 13 mil metros quadrados de coberturas verdes. Algo que “não é inocente”, garante. O pensamento é feito a longo prazo, com ganhos efectivos para a qualidade do ar que circunda a zona envolvente.
Noutro local da cidade, num terreno da Universidade do Porto, vai ser possível constituir cerca de seis hectares de espaço verde. Um projecto ambicioso, que aguarda financiamento comunitário para avançar, e que vai também envolver o Politécnico do Porto. Um verdadeiro sinal da união de esforços entre as duas mais importantes instituições académicas da cidade.
O segundo da lista de Rui Moreira à vereação encerrou dizendo que a cidade registou, nos últimos anos, “um forte incremento na mudança para a frota eléctrica, na regulação dos transportes turísticos, na promoção das coberturas verdes e na plantação de árvores”.