Para Rui Moreira, a escolha era óbvia. “Só podia ser o Miguel Guedes a apresentar o livro dedicado ao Paulo Cunha e Silva”. Para Miguel Guedes, algumas questões levantaram-se inicialmente. “O que leva um perigoso esquerdista a ser convidado?”. A pergunta era retórica, porque a resposta, sempre a soube: Rui Moreira tem “liberdade e independência de pensamento”. E nem interessa escrever que partilham o amor pelo mesmo clube.
A obra, que resulta de uma selecção e compilação de textos públicos de Rui Moreira ao longo dos últimos três anos, evoca variadíssimos temas de governância da cidade, escritos de análise política regional, nacional e mundial. Reflexões de uma pessoa que ama o Porto, como só os portuenses compreendem. Fala também – e este texto merece um destaque especial – dos 751 dias de Paulo Cunha e Silva na vereação da cultura da Câmara Municipal.
Em vários pontos da leitura do livro, Miguel Guedes ficou com a certeza de que Rui Moreira tinha redigido os textos “do alto do seu gabinete de presidente da Câmara, local onde certamente estará nos próximos anos”, acredita o músico.
No último parágrafo do epílogo da obra, a síntese da mensagem que perpassa todo o compêndio de escritos de Rui Moreira. “Tudo isso, que pode ser útil e nos compraz, não nos satisfaz. Mas, por muitas queixas que tenhamos e não calemos, nós os portuenses temos honra, como poucos ou nenhuns, em sermos portugueses. Temos o orgulho intacto, por sabermos que, nos tempos difíceis, nos momentos mais críticos, a Pátria apela ao nosso contributo; e nunca deixámos de corresponder, apesar de também sabermos que, no fim de cada crise, o papel do Porto volta, inevitavelmente, a ser esquecido. Citando Eduardo Lourenço, “O Porto é o barco que nunca partiu” (e onde cabe muito boa gente, acrescentou Miguel Guedes).