Jorge Prendas, actual coordenador do serviço educativo da Casa da Música, esteve na sede de campanha independente a título pessoal, e foi nessa condição que partilhou a sua experiência de vida que, desde muito jovem, se cruzou com a música.
Há cerca de três décadas, quando iniciou o seu percurso profissional, movia-o a estabilidade financeira, mais do que a paixão pelo próprio ensino. Essa paixão chegou mais tarde e aflorou no contacto diário com os seus alunos, na sequência dos projectos educativos em que se envolveu no combate ao abandono escolar, ou na defesa da discriminação positiva dos alunos com necessidades educativas especiais.
“OS PROGRAMAS DO MINISTÉRIO ESTÃO DISTANTES DAQUILO QUE É O TERRENO”
Para o programador Jorge Prendas, a Educação é contínua ao longo da vida e não se circunscreve ao plano escolar. De acordo com o experiente músico, o próprio contexto familiar é também determinante na construção da dimensão educativa do indivíduo. No sentido lato, “educa-se para aquilo que não é nato ao ser humano”, afirma Jorge Prendas, para quem a difícil tarefa de ensinar implica o envolvimento de todos os agentes educativos. É, pois, no somatório da aprendizagem e do conhecimento transmitido pela escola, e pelos bons exemplos que a casa e a cidade nos dão, que a nossa educação é formada, entende.
Todavia, na sua opinião, a escola não tem cumprido a sua função em condições de excelência, muito por culpa da imposição de um ministério que desconhece a realidade do terreno, e que apenas está preocupado “em despejar conteúdos”. Essa falta de sensibilidade é, para o programador, um assunto que urge resolver.
“UMA CIDADE PODE DAR O EXEMPLO”
Promotor de projectos educativos na área musical testados com sucesso em Tóquio, que se baseiam, sobretudo, na partilha de conhecimento, Jorge Prendas deixou, nas Conversas à Porto, uma ideia para o Porto. “Aquilo que espero da cidade, como tripeiro que nasceu na Sé, que viveu em Paranhos cerca de 30 anos, e que agora vive na freguesia de Ramalde, é que a cidade continue com os bons exemplos que tem dado, e proponha também novos exemplos”.