“Não há nada mais errado do que as cidades empurrarem para fora a vegetação”, começou por dizer o engenheiro Paulo Palha, que defende mesmo a ideia de que “a vegetação deve ser um material de construção obrigatório”. Uma ideia que começa a entrar na agenda política, a partir do momento em que os níveis de poluição atmosféricas no espaço urbano atingem valores preocupantes.
Como elencou Paulo Palha, numa autêntica aula que deu na sede de campanha sobre coberturas verdes, “estas estruturas promovem a biodiversidade, retêm águas pluviais (em Toronto, há mesmo estudos que indicam que 70% da precipitação no Inverno e 90% da precipitação no Verão são por elas absorvidas), melhoram a qualidade do ar, reduzem o ruído, e contribuem para o aumento de vida útil dos edifícios”.
A montante, estaremos a libertar um “peso enorme na factura do Sistema Nacional de Saúde”, e a obter ganhos de eficiência energética significativos, concluiu.
HÁ CIDADES GLOBAIS COM POLÍTICAS DE INSTALAÇÃO OBRIGATÓRIA DE COBERTURAS VERDES
Deu como exemplo a China, onde já nem sequer é possível fotografar o céu azul, tal a concentração de poluição atmosférica. “Não queremos aqui construir um photowall, nem ecrãs gigantes que nos revelem a cor do sol nascente”, disse Paulo Palha, para quem Paris é, por contraponto, um bom exemplo nesta matéria, nomeadamente na promoção da construção de quintas verticais.
Foi há mais de um século, que o Porto viu nascer a sua primeira cobertura verde (no Parque da Pasteleira), à vista de todos os portuenses, mas porventura pouco notada, considerou o especialista. Neste momento, considera Paulo Palha, “o Porto está na moda, está a crescer, e toda a gente gosta de aqui estar”, por isso, crê que tem todas as condições para dar um bom exemplo ao país, enquanto cidade pioneira na aplicação das coberturas verdes.
Neste momento, existem 131 coberturas verdes no Porto, um número significativo para a dimensão da cidade. O projecto do Terminal Intermodal de Campanhã, que contempla 13 mil metros quadrados desta estrutura instaura, definitivamente, um novo paradigma de fazer cidade. A cidade sustentável que defendemos e queremos.