Quebrar barreiras e acessos condicionados, encurtando distâncias culturais. É esta a missão do Cultura em Expansão, programa que o município do Porto implementou há três anos sob a chancela do então vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva. Agentes artísticos da cidade, mas também do país, motivados pela iniciativa agregadora, envolveram-se com as comunidades e criaram – a partir do zero – espectáculos para públicos diversificados, sem excluir territórios.
Só no último ano, a cidade recebeu cerca de 70 sessões do Cultura em Expansão. Laboratórios Artísticos, OUPA!, Nova e Meia – Cineclube Nómada, e espectáculos de artes performativas realizados em palcos inusitados como a Sé, a Cantareira, ou o Bairro Rainha D. Leonor, ditaram uma agenda intensa. Agenda essa que teve ainda espaço para ver nascer e ramificar um novo projeto: A Cada Um a Sua Música, responsável pela deslocação de Gisela João à Bouça, de Pedro Burmester à Pasteleira, ou de B Fachada a Campanhã.
Estimular o sentimento de pertença das gentes do Porto, em especial junto dos jovens em situação de risco e exclusão, é também um dos principais fundamentos do Cultura em Expansão. Importa, neste domínio, salientar o trabalho desenvolvido pelo OUPA!, o braço do programa que maior sentimento de unidade sociocultural confere. Com data de arranque em 2015, o OUPA! instalou-se no Bairro do Cerco, local que viu nascer a sua primeira residência artística itinerante. Como mentores, congregou um vasto conjunto de artistas, entre os quais Capicua, D-One, André Tentúgal e Vasco Mendes.
Provando que o projecto deixou lastro, os participantes pioneiros fundaram uma associação juvenil que conta com, aproximadamente, 45 sócios. As oficinas de escrita, produção musical, vídeo e performance prosseguiram em 2016 para Ramalde, estimulando novos jovens com sensibilidade artística para o “do it yourself”. Uma nova residência para o OUPA!, que voltou a cumprir o seu desiderato: promover a coesão social através da cultura. No final de 2016, como é tradição do projecto, realizou-se um espectáculo final no Rivoli, aberto a toda a cidade. Este ano, o OUPA! chegou ao Bairro da Pasteleira.
Naquele que é o quarto ano consecutivo do Cultura em Expansão, pode afirmar-se que o Porto refrescou o seu ethos. A profusão de eventos de livre acesso, com a participação interventiva das suas gentes, em novos palcos que a cidade deixa a descoberto, como acontece com o projecto Um Objeto e os Seus Discursos, marca, de forma indelével, a história cultural Porto.