A Vida Norte é uma associação de apoio a grávidas e bebés em situação de fragilidade, no Porto e em Braga. A sua atividade está focada na gravidez e no primeiro ano de vida do bebé. Em mais uma ação da iniciativa “Porto em Movimento”, foram muitos os dirigentes da associação cívica que fizeram questão de conhecer de perto o trabalho desenvolvido por uma equipa de voluntários e profissionais, dedicada em assegurar “uma maternidade mais capaz, responsável, autónoma e feliz”.
“Considero que a grande mais-valia da nossa associação é o trabalho que fazemos ao nível da capacitação, sempre à medida do que cada caso mais necessita: higiene, economia doméstica, regresso ao trabalho ou simplesmente os passos fundamentais para recuperar a confiança”, avança Ana Luísa Reis Gagean, Presidente da Direção da Vida Norte. “O que mais nos desespera é que, atualmente, até dispomos de várias ofertas de trabalho. No entanto, muitas pessoas não as podem ocupar porque não têm onde deixar o bebé ou não dispõem de capacidade financeira para tal”, continua.
Neste momento, a IPSS debate-se com um problema crítico ao nível das instalações. A casa que ocupam apresenta graves deficiências estruturais e terá de ser recuperada pelas pessoas que a têm cedido e que, naturalmente, lhe darão outro fim. “Já estamos em contacto com a autarquia no sentido de nos apoiarem na identificação de um novo espaço”, adiantam. Filipe Araújo saudou a iniciativa e reiterou a necessidade urgente de encontrar soluções para que a Vida Norte continue a desenvolver a sua atividade: “Há um grande interesse e reconhecimento pelo vosso trabalho. Aliás, a área onde atuam (a gravidez e os primeiros meses de vida) move-nos, certamente, a todos, pelo que é fulcral garantir que continuem a desempenhar este papel na nossa cidade”.
Ana Luísa Reis Gagean reforça esta ideia e afirma que “não existe uma verdadeira resposta social para a gravidez que, de uma forma ou outra, é um momento fraturante e de grande impacto para todos os que passam por ela. Mesmo para quem tem tudo; imaginem agora para quem não tem nada. Pode ser destruidor”. Com efeito, a alteração em muitas dinâmicas sociais e geracionais estão a provocar grandes mudanças, o que transforma a capacitação de futuros pais numa prioridade. Uma opinião partilhada pelos autarcas do movimento independente, que consideraram urgente uma reflexão sobre outras soluções para estes novos desafios que são colocados a toda a sociedade.
Recorde-se que, neste momento, a Vida Norte está totalmente dependente de donativos e da ajuda de amigos. Ainda assim, acompanha uma média de 120 famílias por mês, durante o período da gravidez e primeiros meses de vida do bebé. A associação desenvolve o seu trabalho em articulação com outras instituições, como é caso do Banco Alimentar, até para evitar a sobreposição de apoios e garantir que estes chegam a mais famílias. Aliás, o cabaz alimentar é um dos pontos fulcrais na vida de famílias em situação de fragilidade, já que nos primeiros tempos de vida de um bebé pode chegar facilmente aos 100€ por mês.
Seguiu-se uma interessante conversa onde surgiram várias ideias para dar resposta às dificuldades, reforçando-se a importância de organizações como esta numa estratégia de complementaridade com várias respostas sociais. A propósito, foi referido o projeto EcoPorto do Município do Porto que, através da Porto Ambiente, recupera equipamentos informáticos, elétricos e mobiliários que posteriormente são cedidos a entidades com projetos sociais, contribuindo para uma economia circular, justa e responsável na cidade, aliando ambiente e solidariedade.
No final não restaram dúvidas entre os presentes relativamente ao trabalho meritório desenvolvido pela Vida Norte. “A associação contribui diariamente para um Porto onde as famílias podem ter conforto, dignidade, podem crescer e ser felizes”, afirma Filipe Araújo. E uma última certeza: nunca como o hoje o papel da associação foi tão importante, uma vez que, face aos desafios do presente, as mulheres e futuras mães só são livres se tiverem verdadeiras opções.