De que matéria é feito um “Porto em Crescimento”? Qual o papel do município nesta fase em que a cidade vive um crescimento exponencial? Que medidas tomar para aproveitar esta maré alta? Como garantir que a sustentabilidade se adapta aos diferentes desafios que a cidade enfrenta? Com estas questões em mente lançou-se o primeiro debate das Conversas à Porto, que todas as quintas-feiras, pelas 19 horas, vão tomar conta da sede do movimento independente.
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Foi sob o epíteto de “desígnios estratégicos para a cidade” que o Professor José António Salcedo iniciou a sua intervenção, atribuindo ao conhecimento e à inovação um papel fundamental no crescimento do Porto. Aliás, no crescimento de toda a Região Norte, pois defendeu o catedrático “devemos pensar no Porto enquanto cidade-região”, com as suas múltiplas fontes de conhecimento e de massa crítica, apostando em pontes de contacto sistemáticas entre os dois pólos: o saber e o saber-fazer.
“Cidade de mentes independentes”, o Porto tem proporcionado “condições para que a inovação faça parte da cultura e dos comportamentos”, e como sublinhou o Professor, “a cultura faz parte do processo de inovação”. Só assim é possível criar valor, agregar e desenvolver “um ecossistema de inovação”, que integre um conjunto de entidades diversas, desde produtores de conhecimento, empresas, startups, detentores de capital e entidades culturais.
No final da sua intervenção, o Professor José António Salcedo sintetizou três ideias de crescimento para o Porto. Que a cidade “deve assumir que o conhecimento e a inovação são desígnios estratégicos”, que deve continuar “a ser capaz de reter e atrair talento e investimento” e, por fim, “que deve quebrar barreiras e combater a falta de ligação que existe ainda entre instituições “geradoras de valor, de inovação e de capital”.
“Para mim o Rui Moreira é o presidente de Câmara mais importante do país”
Luís Reis, apontado como o número dois da multinacional Sonae, introduziu o seu discurso considerando que o presidente da autarquia do Porto assume um papel de fulcral importância na representação da Região Norte do país. Sob a perspectiva empresarial, enunciou três aspectos fundamentais que, para si, fazem a cidade crescer: os números, o hardware e o software.
Sobre os números, Luís Reis apontou alguns dados que indicam a oportunidade de crescimento de que toda a região norte pode beneficiar, como sejam as dinâmicas positivas assinaladas na indústria e nas exportações, o facto do território concentrar um terço da população jovem do país, os centros de conhecimento e de inovação de excelência de que dispõe, e o espaço que ainda tem para crescer na terceirização da economia.
A nível de hardware, o gestor nomeou a interconectividade como factor crítico de sucesso. Nesse contexto, acredita que o aeroporto desempenha um papel essencial e desafia que se pensem em ligações intercontinentais regulares a partir do Porto. Para Luís Reis, o ambiente urbano que respira qualidade de vida, as boas contas que mantém, a previsibilidade e estabilidade que tornam mais fácil as decisões de investimento para as empresas que aqui se instalam, e a cidade inclusiva, “com poucas fracturas sociais”, são consequências de um bom sistema de hardware de que o Porto dispõe.
Mais intangível é o software. Sem hesitar, o número dois da Sonae disse que a criação da marca Porto. foi uma das melhores iniciativas do município nos últimos anos, pelo posicionamento, imagem e atitude de cidade que transmite. Seguindo essa linha de raciocínio, continuou explicando aos presentes que as “empresas querem estar junto de alguém que é moderno”, acreditando que no Porto se vive “uma modernidade sem complexos”, tornando-a numa cidade cosmopolita, que abraça a diversidade sem estigmas. Um ambiente business friendly não dispensa a cultura, concluiu sobre este aspecto, referindo mesmo que é “um pilar crítico para as empresas se instalarem” e que “a Câmara do Porto tem feito um trabalho notável” neste domínio.
No seu Porto de chegada, Luís Reis lançou um desafio à cidade: que daqui a oito anos possa ser “o destino europeu para a instalação de negócios e desenvolvimento empresarial”. Um trabalho que requer tempo, mas que o gestor acredita que está ao alcance de um Porto em crescimento.
A encerrar a sessão, o candidato à Câmara do Porto, Rui Moreira, começou por notar o que a criação da marca Porto. fez pela cidade, conferindo-lhe uma identidade, elevando a sua auto-estima, atraindo investimento, chamando turistas. Mas para o candidato independente, o trabalho de sedução que o município tem empreendido tem-se efectivado em acções, em atracção de talento, na libertação de encargos fiscais para as famílias (por via das novas políticas de habitação assentes na sustentabilidade), o que tem permitido a fixação de capital humano e empresarial.”Aquilo que dizemos aos investidores tem que ser a verdade e não pode ser apenas sedução. E isso também é ter boas contas”, concluiu.