Com toda a legitimidade e competência e com o acordo do Conselho de Curadores nomeado pelo Governo, constituído ou suportado pelos partidos de esquerda (PS, PCP e BE), a Universidade do Porto decidiu colocar em hasta-pública um dos seus edifícios (antigo Colégio Almeida Garrett), sem utilidade para a instituição desde 2001.
Essa venda – diz a UP em comunicado – permitir-lhe-á investir noutros edifícios de ensino superior na cidade, investimento esse que, dado o subfinanciamento a que está sujeita, não seria possível de outra forma.
Ora, os mesmos três partidos de esquerda que compõem ou suportam o Governo, vêm agora sugerir publicamente que deveria a Câmara Municipal do Porto substituir-se ao mercado e adquirir o edifício, para o qual existem interessados em pagar acima dos valores de avaliação.
O movimento Rui Moreira: Porto, o Nosso Partido condena esta forma de populismo e demagogia que visa pressionar o presidente da Câmara Municipal do Porto a cumprir uma agenda pró-centralista que sempre combateu e que o Porto recusou nas recentes eleições autárquicas.
Ou seja, querem os partidos da esquerda que suportam o Governo e o PS que o compõe, que sejam os portuenses a pagar, com o seu orçamento local, aquilo que o Estado central entende não ter interesse e acorda colocar no mercado?
Entende o socialista Manuel Pizarro, que deva ser a Câmara Municipal a pagar, a preços de mercado, o património que as instituições públicas detidas pelo Estado decidem vender para mitigar o seu subfinanciamento?
Não deveria estar o PS do Porto, apoiado pelo PCP e pelo BE, a exigir ao seu Governo que invista, isso sim, na Universidade do Porto que, além do mais, faz prova de o merecer?
E perguntamos, defende, também, o vereador do PS, Manuel Pizarro, que deva ser a Câmara do Porto a adquirir as instalações da delegação da CMVM que o seu Governo decidiu esta semana encerrar no Porto, tudo concentrando em Lisboa?
E se, amanhã, o mesmo Governo PS decidir também encerrar os serviços do Banco de Portugal no Porto, defenderá o vereador do PS no Porto que a Câmara adquira a preços de mercado o seu devoluto edifício?
O movimento independente apoia e suporta a política de aquisição de património seguida pelo executivo de Rui Moreira, que visa a reabilitação e disponibilização de habitação a custos controlados ou social na Cidade e desde que os preços de aquisição representem boas oportunidades para o Município. Como também defende que, em casos pontuais, podendo exercer direitos de preferência (como no caso do Teatro Sá da Bandeira) a Câmara possa contribuir para a preservação de edifícios e funções consideradas de interesse público na cidade. Mas recusa totalmente o populismo de uma visão estatizante e simultaneamente centralista que tem sido defendida pelo PS Porto, advogando que a Câmara tudo deveria comprar, mesmo quando não se vislumbra interesse público e mesmo quando o vendedor é uma instituição tutelada pelo seu Governo.