A associação cívica levou a cabo, na passada semana, mais uma ação da iniciativa “Porto em Movimento”. Desta vez, os dirigentes do movimento independente deslocaram-se ao Atelier de São Bartolomeu, uma estrutura criada pela União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde (UFAFDN). Com uma estrutura pequena, mas muito profissional, ligada à área do design de moda, o atelier produziu desde janeiro mais de 250 trajes, feitos com diferentes tipos de papel, desde jornais ao papel reciclado.
Na preparação do Cortejo de Trajes de Papel deste ano participaram ativamente muitas coletividades da União de Freguesias através da produção de trajes e integrando o cortejo, que conta com mais de 500 figurantes. A edição de 2024 foi dedicada aos Jogos Olímpicos.
“Este evento cria uma ligação direta com a Cultura e a Tradição da cidade. É uma marca em que vale a pena investir”, afirma Filipe Araújo, que se mostrou impressionado com trabalho minucioso e a criatividade colocada em cada traje produzido. Em algumas peças é já possível verificar que a sustentabilidade passou a ser também um critério incontornável, sempre aliado à tradição e à criatividade.
A propósito desta nova forma de pensar e trabalhar, Joana Bourbon, responsável pelo Atelier de São Bartolomeu lembra que já estão “a realizar, por exemplo, ações de upcycling no âmbito do têxtil. Desfazemos peças antigas que passam a ser simples tecido novamente e podem dar origem a novas peças de vestuário”.
Desde este ano, o atelier passou a funcionar de forma permanente nas instalações da União de Freguesias, e assumiu outras atividades para além da produção de trajes para o cortejo. A estrutura possui agora outras valências, por exemplo ao nível da formação, e promove ações com os agrupamentos escolares Manuel Oliveira e Garcia de Orta. “Esta é também uma área onde devemos promover a economia circular e novas estratégias para reciclar e reaproveitar. Não podemos esquecer que 7% dos resíduos que produzimos no Porto são têxteis. Temos de ser capazes de os reaproveitar e aqui temos um bom exemplo de como o fazer”, diz o Presidente do Porto, o Nosso Movimento.
Recorde-se que a Romaria de São Bartolomeu remonta à tradição do século XIX, quando os fiéis acreditavam que, a 24 de Agosto, o santo encarnava nas águas e o Diabo andava à solta. Os populares procuravam proteção conta males de pele, gaguez ou efeitos demoníacos, mergulhando no mar em busca da sua proteção. A romaria trazia até à Foz um vasto número de crentes que procuravam o banho milagroso. Nos anos 30 do século passado, a celebração evoluiu, surgindo a tradição dos trajes de papel, trazida pelo antigo embarcadiço “Costa Padeiro” e associada à “Festa do Banheiro”.
“As Festas de São Bartolomeu simbolizam a forma como a cidade tem sabido evoluir, criando um elo entre gerações”, conclui Filipe Araújo.