Fundado em 1983, o Balleteatro foi pioneiro como a primeira escola profissional de teatro e dança no Porto. Até ao seu estatuto atual de companhia residente do Coliseu do Porto, a instituição passou por diversos locais do Porto, entre os quais a Praça Nove de Abril, Rua Augusto Luso, Rua da Alegria, São Bento da Vitória, Arca d’Água, Rua Infante Dom Henrique, Avenida dos Aliados, antes de fixar temporariamente residência no Coliseu em 2015.
Esta jornada reflete a flexibilidade e a missão de criar diálogos diretos com a cidade. Por onde passou, o Balleteatro desenvolveu criações, ciclos e festivais inspirados nas características dos lugares, promovendo uma conexão única com o espaço urbano e as comunidades. Muito em breve, fruto da reabilitação de um edifício municipal na zona da Alfândega, o Balleteatro poderá encontrar uma morada permanente para daí continuar a construir uma cidade plena de Cultura.

Isabel Barros, co-fundadora e membro da direção do Balleteatro, afirma: “A arte não deve ser criada apenas pelas elites. O nosso trabalho é usar a arte como meio de ligação entre diferentes comunidades e pessoas.” Projetos como o “Querido Planeta Azul”, que envolve jovens de Campanhã em criações artísticas sobre sustentabilidade ambiental, e programas de ensino inclusivo para pessoas com deficiência, exemplificam este compromisso com a democratização da arte.
A ligação com a cidade do Porto vai além das criações artísticas. Filipe Araújo, líder do Porto, o Nosso Movimento, destaca o papel do Balleteatro como um elemento central na coesão social da cidade: “São uma verdadeira cola social, trabalham diferentes comunidades e áreas da sociedade. A arte, a cultura e, também o desporto, têm esse poder para uma sociedade coesa, saudável e feliz. É completamente fundamental desenvolver estes pilares para o crescimento da cidade.” Para Isabel Barros, este impacto é visível na transformação das comunidades: “Por vezes, graças aos nossos espetáculos, temos pais a visitarem equipamentos culturais pela primeira vez”.

O impacto da instituição ultrapassa largamente as fronteiras da cidade e do território nacional. Além de acolher comunidades imigrantes e desenvolver parcerias com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), o Balleteatro prepara os seus alunos para ingressarem no ensino superior internacional, expandindo os seus horizontes.
“O Porto é hoje como é graças a esta dinâmica cultural que vivemos. Não podemos dissociar o impacto da cultura do crescimento económico da cidade”, acrescenta Filipe Araújo, sublinhando a relevância de iniciativas como o Balleteatro no reforço da identidade cultural do Porto e na sua projeção internacional.

O compromisso da instituição em promover a inclusão social estende-se a populações mais vulneráveis e a comunidades desfavorecidas. E abrange muitos públicos, numa lógica cada vez mais intergeracional. Numa cidade amiga das pessoas idosas, “é com atividades e projetos como este que que conseguimos manter as pessoas ativas, e o vosso trabalho dá essa oportunidade de manter a população ativa”, salienta Filipe Araújo.
Hoje, o Balleteatro continua a ser uma peça-chave no tecido cultural e social da cidade. Para Né Barros, co-fundadora e membro da direção do Balleteatro, o futuro da instituição passa por manter o trabalho lado a lado com o Porto e as suas comunidades: “Temos uma vocação para trabalhar com a cidade, contribuindo para que a arte continue a transformar vidas e comunidades.” Assim, o Balleteatro reafirma-se como um elo vital entre a criação artística e o desenvolvimento humano, preparando-se para enfrentar os desafios de um futuro em constante evolução.








