O Espaço T trabalha em parceria com múltiplas organizações – algumas delas municipais – permitindo levar diversos projetos ao espaço público. “Às vezes nem sempre é sobre o financiamento, embora seja importante, mas é sobre a cooperação e a disponibilização de infraestruturas para levar o nosso trabalho a palcos e galerias”, destacou Jorge Oliveira, Presidente do Espaço T.
Atualmente, a instituição conta com 30 colaboradores. Entre alguns dos muitos e meritórios projetos, o Espaço T no âmbito das Galerias Comunitárias, atua em 10 bairros da cidade do Porto envolvendo mais de 2500 utentes, promovendo o bem-estar emocional e social através da arte. “O ócio é algo fulcral para o bem-estar”, reforçou Jorge Oliveira, sublinhando a importância da arte como ferramenta de transformação pessoal e social, capaz de proporcionar momentos de descontração e de contacto com o outro, essenciais para a saúde física e mental dos indivíduos.

Além do apoio artístico, o Espaço T colabora com hospitais, incluindo o Pedro Hispano, para trabalhar a inclusão de pessoas com doenças mentais. “O nosso tratamento passa muito por ferramentas artísticas como o teatro. Combatemos a solidão com a arte, proporcionando às pessoas o bem-estar emocional de que precisam”, explicou Jorge Oliveira. Médicos e psiquiatras recomendam frequentemente o Espaço T a pacientes, reconhecendo os benefícios do projeto. Filipe Araújo, Presidente do Porto, O Nosso Movimento, destacou a importância do trabalho junto da comunidade como ferramenta determinante para a inclusão social e promoção do bem-estar, destacando “o papel desta integração como ferramenta de promoção da saúde e do bem-estar, trabalhando ativamente na prevenção da doença”.
No Espaço T cuida-se cerca de 130 idosos, que, juntamente com o trabalho que fazem nos centros de dia, somam mais de 2000 idosos. “Eles estão sempre muito animados, deve-se ao facto de poderem estar cá, onde podem socializar, fazer atividades diferentes e estar em contacto com eles próprios e com os outros. É aqui que a Arte ajuda.”

A instituição também se destaca pelo seu trabalho com comunidades imigrantes, sendo reconhecida como uma das melhores entidades para acolher refugiados. “Já recebemos pessoas da Somália, Líbano, Ucrânia, Síria e Iraque. Durante 18 meses, garantimos um processo de inclusão com alojamento, saúde e emprego, além de aulas de português, informática e coaching”, explicou Jorge Oliveira. Muitos destes imigrantes, que se sentem cada vez mais integrados na sociedade portuguesa, têm-se agarrado ao território e já se consideram portugueses. A instituição desenvolve ainda iniciativas como a exposição “O Meu País no Teu”, criada por utentes estrangeiros e atualmente patente na Casa do Mundo. Para Filipe Araújo, não há dúvidas: “o trabalho de proximidade e em rede é muito importante para assegurar uma verdadeira inclusão, justa e pacífica, que não crie disrupções sociais”.
Para além do trabalho social e artístico, o Espaço T tem um compromisso com a ciência. Em colaboração com psicólogos e sociólogos, realiza avaliações antes e depois de cada intervenção para medir o impacto do seu trabalho nas pessoas. Essa abordagem fundamenta-se numa parceria com uma Universidade Sueca, permitindo validar cientificamente os benefícios da arte na inclusão social. Além disso, a instituição tem um espaço na revista da Gulbenkian para divulgar os resultados dessas investigações, reforçando a ponte entre arte, ciência e transformação social.

Entre os projetos futuros, destaca-se a criação de um espaço de co-work para instituições e associações sem sede própria, e a expansão das atividades das Galerias Comunitárias para mais bairros de habitação social.
Filipe Araújo sublinhou a importância de preservar o trabalho construído ao longo dos anos no Porto, destacando que a continuidade das políticas desenvolvidas é crucial. Assim, torna-se essencial continuar o desenvolvimento das áreas sociais e culturais, promovendo uma relação cada vez mais estreita entre ambas. “O vosso trabalho é notável, pela forma como conseguem construir a motivação e a autoestima das pessoas através da arte. Isso faz com que tenhamos cidadãos mais integrados e envolvidos na sociedade.”, rematou.







