Sem equiparação no apoio autárquico à sétima arte, o projeto do Batalha corresponde a um investimento municipal para a sua requalificação superior a 4 milhões de euros. Concretiza, também, um sonho antigo da cidade, que testemunhou a inércia e incúria do antecessor de Rui Moreira que, ao longo de mais de uma década, nunca apresentou um projeto sólido para o equipamento, tendo preferido entregá-lo a quem dele não soube cuidar. Depois do seu desastroso encerramento, os então eleitos locais também não asseguraram a sua manutenção, permitindo que a degradação do Batalha se acentuasse.
No primeiro mandato da governação independente da Câmara do Porto resgatámos o Cinema Batalha, ao formalizar um contrato de arrendamento com a família proprietária do edifício, por 25 anos, depois de esta ter optado por não vender o imóvel ao município. O projeto de arquitetura foi concebido pela reconhecida dupla de arquitetos Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez, respeitando o legado do edifício, mas também adaptando-o à atualidade, aos desafios tecnológicos, e possibilitando a criação de novos espaços, como uma mediateca e uma biblioteca.
Passaram-se quase dois anos para que o visto chegasse do Tribunal de Contas, e esse tempo de espera obrigou a que o orçamento para obra, que inicialmente rondava os 2,5 milhões de euros, subisse para os 4 milhões de euros, após nova avaliação dos arquitetos em meados de 2018, em que concluíram que o estado de conservação deteriorou-se acentuadamente.
O visto chegou já na segunda metade de 2019 e, pouco tempo depois, em novembro desse ano, a obra de restauro iniciou com a premissa de preservar e tentar restabelecer as características do edifício original, da escola modernista, classificado como Monumento de Interesse Público em 2012.
Programação quer envolver a comunidade e estimular o conhecimento em torno do cinema
O Batalha Centro de Cinema será um espaço aberto, inclusivo e desafiante. A estratégia programática, definida pelo diretor artístico Guilherme Blanc e por uma equipa nuclear que já se encontra a trabalhar no projeto, pretende envolver toda a comunidade, estimulando o conhecimento através das múltiplas formas de fazer e pensar o cinema
A programação irá contemplar a apresentação de obras e práticas fílmicas relevantes no cinema; a promoção de debates e discursos contemporâneos que se debrucem sobre diferentes possibilidades estéticas e formais do cinema e da imagem em movimento; a disseminação de obras sem canais de difusão em Portugal; e ainda a criação de parcerias com os agentes programadores da cidade.
O Batalha Centro de Cinema tem ainda previsto no seu campo de atuação o apoio à investigação da História do Cinema, e o cruzamento disciplinar com outras artes, nomeadamente as visuais, através da realização e apoio a exposições.
Guilherme Blanc, o diretor artístico do Batalha Centro de Cinema nomeado por Rui Moreira, começou a programar cinema no Porto ainda enquanto estudante em Direito, tendo vivido e trabalhado em Londres vários anos, em instituições como o Barbican, a Whitechapel, o ICA ou o Institut Français. Em 2013, regressou ao Porto, a convite de Paulo Cunha e Silva, para trabalhar como seu adjunto, trabalho a que deu depois continuidade como adjunto de Rui Moreira. Ao longo dos últimos anos, Guilherme Blanc dirigiu a nível artístico projetos como a Galeria Municipal do Porto, o Fórum do Futuro, o Cultura em Expansão e a Feira do Livro do Porto.
Duas salas de projeção, biblioteca, mediateca e uma galeria
O renovado Cinema Batalha vai ter duas salas de projeção preparadas para exibição de formatos digitais e analógicos: a Sala Grande terá 341 lugares e a Sala Estúdio 126 lugares. Recebe ainda um espaço de galeria dedicado às artes visuais, uma biblioteca especializada em cinema e ainda uma mediateca, que pretende tornar acessível o património fílmico da cidade do Porto, através de um arquivo digital em permanente construção.
Do projeto de requalificação faz também parte um novo bar equipado para exibições e performances. O espaço resulta da recuperação do antigo salão de chá e café, onde nos anos 70 foi construída a Sala Bebé.
O Batalha Centro de Cinema será, também ele, motor da internacionalização da cidade do Porto. A cultura enquanto cimento e projeção da cidade interessante, confortável e segura que sempre defendemos e promovemos.