Rui Moreira explicou que, quando surgiu a acusação em dezembro de 2020, decidiu requerer a abertura de instrução por considerar, em primeiro lugar, “que a acusação do Ministério Público era completamente descabida, além de insultuosa e de não ter nenhum fundamento”. Por outro lado, continuou, “porque me parecia que com a abertura da instrução havia a possibilidade de um tribunal, a senhora juíza neste caso, poder ouvir aquilo que nós tínhamos a dizer”.
“Como não queria nenhum expediente dilatório, a única diligência que pedi foi para o tribunal tratar de ouvir, como testemunha, aquele que é, a meu ver, um elemento fundamental neste caso: o advogado que tinha sido nomeado pelo meu antecessor, no tempo do Dr. Rui Rio, em 2010, e que sempre conduziu este processo, a quem nunca dei instruções, e que conduziu plenamente o processo sem nenhuma intervenção da minha parte”, afirmou na noite desta terça-feira o presidente da Câmara do Porto.
“A senhora juíza entendeu que não havia necessidade de ouvir essa testemunha. Tentámos ainda pedir mais uma vez à senhora doutora juíza para ouvir esse advogado. A senhora doutora juíza assim não entendeu, está no seu pleno direito”, declarou Rui Moreira, frisando, no entanto, que respeita os tribunais, mas discorda da decisão.
“O terreno que era da minha família hoje é da câmara Municipal do Porto”
O presidente do conselho de fundadores do Porto, o Nosso Movimento realçou, uma vez mais, que foi durante o seu mandato que os terrenos reverteram a favor da Câmara do Porto e que a sua família não recebeu – nem receberá – por isso nenhuma indemnização.
“É quase insultuoso também para a nossa inteligência o Ministério Público persistir numa teoria que não corresponde aos factos reais”, analisou na RTP2.
Rui Moreira mantém ainda que, “para todos os efeitos, estamos como estávamos em dezembro”, embora tenha igualmente reforçado que lamenta o facto de a única testemunha que propôs nesta fase instrutória tenha sido recusada pela meritíssima juíza.
“Quanto chegar a tribunal espero utilizar as testemunhas que quero utilizar”, destacou.
Lamentando a nova forma de fazer política de Rui Rio, que “tantas vezes evoca o nome de Dr. Francisco Sá Carneiro”, e que, comparou, foi alvo de ataques semelhantes, o presidente da Câmara do Porto manifestou que esta não é, seguramente, “a ética na política” que o líder do PSD tanto apregoa.
“Há uma coisa que parece evidente a todos os portuenses que conhecem este caso. Este assunto esteve vivo durante a última campanha eleitoral, faz agora quatro anos. O Ministério Público, olhando para estes factos, resolveu arquivar o processo em vésperas de eleições. Depois, o assunto esteve em banho-maria e, ao fim de quatro anos, volta outra vez. É evidente que tenho o direito de pensar que este calendário não é um calendário de inocência”, declarou, dizendo que não se trata de “nenhuma mania da perseguição”, mas que acha importante que se compreenda um dia porque surgem estes calendários antes das eleições.
Rui Moreira explicou ainda que a emoção sentida ontem à tarde durante a sua declaração esteve relacionada com o facto de coincidir com o dia que seria o 90.º aniversário de seu pai. “Muitos portuenses lembram-se dele. O meu pai foi alvo de processos complicados. Foi preso político sem ser acusado de nada”, lembrou.
Veja aqui a entrevista de Rui Moreira na íntegra.
“O Porto não é em rigor uma cidade: é uma família. Quando algum mal o acomete, todos o sentem com a mesma intensidade; quando desejam alguma coisa, todos a desejam ao mesmo tempo. Os portuenses são tão ciosos da integridade da sua cidade, como os portugueses em geral da integridade da nação.”
João Chagas