Na visita ao interior do Pavilhão Rosa Mota, conduzida por Filipe Azevedo, administrador da Lúcios, os associados do Porto, o Nosso Movimento tiveram a oportunidade de conhecer as intervenções em curso, que visam dotar o equipamento de valências multiusos, com capacidade para acolher congressos, concertos, eventos desportivos, exposições, feiras, entre outras iniciativas.
Segundo o responsável, “dependendo do tipo de espectáculo, a nave tem capacidade máxima para cerca de 8.000 pessoas”.
Entre os maiores desafios do projecto de requalificação, as condições térmicas e acústicas foram efectivamente aquelas que mais “horas de estudo” exigiram e o engenho das soluções encontradas demonstra que os obstáculos foram superados com distinção.
A começar pela cobertura, que recebeu “vidro e armação novos nos seus 768 ‘óculos’, porque o betão estava muito danificado”. Mas a estrutura original manteve-se, tendo-se optado por “sobrepor uma nova”, elucidou o administrador da Lucios.
Aliás, toda a obra de requalificação respeita a arquitectura exterior do Pavilhão Rosa Mota, cumprindo o caderno de encargos da Câmara do Porto.
Entre os 90.000 m3 que o espaço interior encerra, para uma altura de 35 m2, a acústica constituiu o segundo desafio, que convocou especialistas portugueses e internacionais. “Há uns meses atrás, se falasse aqui dentro, o eco era muito superior”, garantiu Filipe Azevedo. Agora, graças ao revestimento que está a ser colocado na parte interna da cobertura, a acústica terá outra qualidade, o que permitirá até incluir óperas na programação.
Por outro lado, havia que garantir “um ambiente com pouca luminosidade”, condição essencial para a maioria dos espectáculos que ali terá lugar. A tarefa não se afigurou fácil, contabilizadas as centenas de “pequenas clarabóias” existentes. Foram testadas várias soluções e aquela que provou ser a melhor, com argolas do mesmo diâmetro dos ‘óculos’, já está a ser colocada. A solução adoptada resolve ainda a camuflagem do revestimento acústico.
Ao nível das bancadas, destaca-se a criação de quatro níveis, designadamente três “anéis” de bancada e uma bancada rebatível, o que permitirá a adaptação a diferentes tipos de eventos. Antes destas transformações, reabilitou-se todo o betão “que estava em muito mau estado”. A capacidade máxima de lugares sentados chega aos 5.000 assentos.
Zonas lounge, camarotes e uma área de food court de apoio aos espectáculos, completam os detalhes funcionais do projecto no que diz respeito ao piso térreo do Pavilhão Rosa Mota.
O consórcio está ainda a estudar a promoção de visitas guiadas ao interior do equipamento, numa perspectiva histórica, mas também a possibilidade de concretizar subidas à cobertura, “que tem uma vista fantástica e um miradouro com cerca de 50 m2”, revelou Filipe Azevedo.
Mas para o administrador da Lucios, a “grande revolução” vai acontecer no piso inferior, sobretudo arquitectado para corresponder às exigências dos eventos corporate.
“Tivemos no auditório o nosso maior desafio de engenharia, porque demolimos 15 pilares”, afirmou o responsável, que para ilustrar o arrojo da intervenção disse que “o edifício esteve ‘no ar’ uma série de meses”. Como dificuldade adicional, encontraram “muita rocha” no local, o que obrigou à intervenção de “cinco a dez máquinas durante meio ano”.
Além do auditório com capacidade para 500 pessoas, haverá mais seis salas, com lotação entre 50 a 100 pessoas. O foyer terá uma amplitude considerável e no seu entorno vão ficar localizados balneários e camarins. O restaurante permanecerá virado para o lago, sendo que estão ainda previstas zonas de apoio à actividade de catering.
“Neste piso foi tudo feito de novo, não se aproveitou rigorosamente nada”, asseverou Filipe Azevedo.
Município recebe 4 milhões do consórcio e mantém propriedade do equipamento
O consórcio “Porto Cem Porcento Porto”, formado pela Lucios/Grupo Azevedos e a PEV Entertainment, vai explorar o equipamento durante 20 anos. No final, o Pavilhão Rosa Mota ficará sempre propriedade da Câmara do Porto.
A concessão do equipamento representa um encaixe de 4 milhões de euros para o Município, mediante o pagamento de uma renda mensal de 20 mil euros, actualizada à taxa de inflação, pelo período de exploração. Ou seja, o Pavilhão Rosa Mota é requalificado sem qualquer encargo financeiro para a autarquia.
Além desse montante, o Município receberá direitos de utilização do equipamento, sendo que os jardins e o espaço público que rodeia o Pavilhão, continuará a ser gerido pela autarquia numa lógica de usufruto de todos os cidadãos.
As obras de recuperação, que seguem o projecto de arquitectura assinado pelo gabinete FAA Arquitectos, iniciaram em 2017 e aproximam-se da fase final, com conclusão e inauguração previstas em Setembro.
O investimento feito pelo “Porto Cem Porcento Porto” é de 8 milhões de euros. Fruto de um patrocínio obtido pelo consórcio, o equipamento vai passar a designar-se Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, sendo que o branding corresponde à marca e nome de uma empresa da cidade, reconhecida nacional e internacionalmente. Com esta designação (que surge após uma proposta que o presidente da Câmara do Porto recusou) foi possível salvaguardar a ligação de um dos mais importantes e emblemáticos equipamentos da cidade a uma das maiores atletas da história do desporto português, que nasceu e cresceu na cidade do Porto.
O roteiro da visita incluiu ainda os Jardins do Palácio de Cristal para os associados verem a obra feita do Executivo municipal e saber o que está a ser preparado para os próximos tempos ao nível dos percursos mecanizados. A iniciativa foi conduzida pelo presidente da Direcção da Associação Cívica, Francisco Ramos, e contou com a participação de Rui Moreira, na qualidade de presidente do Conselho de Fundadores do Porto, o Nosso Movimento.