Foi no início de 2020 que o Porto conheceu o Museu da Cidade. Na verdade, ele já existia, disperso por vários corpos, cada qual com a sua linguagem e estética próprias. Nos últimos sete anos e no âmbito da prioridade que sempre deu à Cultura, o atual Executivo Municipal refundou o Museu da Cidade, apresentando o novo conceito e a nova identidade geográfica, semântica e gráfica.
Sob a direção artística de Nuno Faria, a estratégia de programação desafia o público a conhecer todas as estações museológicas – imaginemos uma linha de metro – que se estende desde a zona ocidental até à zona mais oriental da cidade, cobrindo todo o território, também ele muito heterogéneo entre si.
Composto por 17 estações, este museu policêntrico, incorpora, também, espaços de natureza diversa. Há sítios arqueológicos; um reservatório; uma galeria subterrânea em construção; casas com acervos e coleções particulares, que graças à generosidade dos seus proprietários, se tornaram públicas; espaços industriais; espaços com jardins quase secretos, que existem no interior de parques ou quintas; um arquivo histórico; e gabinetes que emergem, por exemplo, nas bibliotecas municipais.
Em algumas das suas estações, o Museu da Cidade integra espaços destinados à programação de exposições temporárias, designados gabinetes. Em cada um desses espaços desenvolvem-se programações dedicadas a campos disciplinares específicos.
Por toda esta riqueza na multiplicidade, o Museu da Cidade constitui um dos vértices da ação cultural do atual Executivo camarário. Sem centro, corporiza o nosso entendimento sobre o papel da Cultura como cimento dos outros pilares, em particular o da Coesão Social.
Aberto a todos, e inclusive a partir de agora gratuito para todos os portuenses e estudantes com residência no concelho detentores do cartão Porto., o Museu da Cidade é a materialização de um projeto que, trabalhado e otimizado, contribuiu para tornar a cidade do Porto ainda mais interessante. Um projeto que “permeando espaços e coleções à iniciativa curatorial de novos agentes e curadores”, os abriu à cidade e a novos públicos, tal qual o objetivo expresso no nosso Manifesto Eleitoral de 2017.
Reservatório abre no verão
Localizado no Parque da Pasteleira, num antigo depósito da Águas do Porto, o Reservatório foi reabilitado pelos arquitetos Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez e tem projeto museológico de João Mendes Ribeiro.
“Abre no verão para contar a história material da cidade, das suas fundações, das suas muralhas e praças, do rio que a atravessa, das suas ruas e dos seus monumentos, da evolução da sua malha urbana e das suas sucessivas existências, pensadas e erguidas pelas mãos dos desenhadores e dos construtores”, pode ler-se no site do Museu da Cidade que convidamos a descobrir.
Extensão Matadouro acolhe coleção Távora Sequeira Pinto
A coleção particular de Távora Sequeira Pinto, uma das mais relevantes e valiosas coleções de Portugal, foi cedida ao Museu da Cidade, que a vai apresentar na extensão do Matadouro, em Campanhã.
Este “ato de generosidade” da família Sequeira Pinto, assim o classificou Rui Moreira quando anunciou o novo projeto cultural que vai nascer na zona mais a oriente, integra mais de 1.100 peças de pintura, escultura, mobiliário, têxteis, objetos de uso quotidiano, entre outro tipo de peças e obras, com especial incidência nos séculos XV e XIX.
Em Campanhã, o Museu da Cidade vai ainda construir ao longo dos próximos dois anos as extensões da Indústria, na antiga central elétrica CACE, e da Natureza, na Quinta da Bonjóia, seguindo a sua missão, de envolver toda a cidade com o Museu, também ele permeável às comunidades.