Na Asprela, em Paranhos, os estudantes das várias universidades do campus podem, em breve, usufruir de uma extensa área verde, que promete trazer cor aos seus intervalos de estudo. O Parque Urbano da Asprela abrirá uma nova janela no combate às alterações climáticas e na defesa da sustentabilidade, proporcionando uma nova vivência não só aos milhares de estudantes universitários que ali passam muitas horas dos seus dias, mas também garantindo mais qualidade de vida aos residentes da freguesia de Paranhos e a todos os portuenses.
A conclusão do parque está prevista para o primeiro trimestre de 2022, apresentando uma área aproximada de 6 hectares.
Rui Moreira e a sua comitiva visitaram hoje o parque, no qual foram recebidos por Paulo Farinha Marques, arquiteto paisagista responsável pela expansão do mesmo. O ar fresco das inúmeros plantações deste verdadeiro “plumão” da cidade fez-se sentir durante toda a visita, assim como o som compassado da água das ribeiras batendo contra as pedras, correndo pelo seu leito, recém limpos e renaturalizados.
Com efeito, este parque da zona norte do Porto reúne uma combinação única de cerca de 650 novas plantações de árvores e arbustos, 10 mil metros cúbicos de capacidade de retenção de água pluvial, e ribeiras que vão ser renaturalizadas e desentubadas na maior parte da sua extensão, revestindo-se de grande importância para o conceito de “cidade-esponja”, no qual o Município tem focado grande parte da sua atenção.
Em declarações aos jornalistas, com a verdura extensa como pano de fundo, Rui Moreira explicou que o projeto partiu de “uma iniciativa que envolve a Universidade do Porto, o Politécnico, a Câmara Municipal, com as Águas do Porto, e também a APA, a Agência Portuguesa do Ambiente”, e quem “tem vários objetivos”, sendo um deles “evitar cheias”.
Realmente, este parque cumpre o desígnio, ao formar uma bacia hidrográfica com grande capacidade, permitindo assim reduzir significativamente a ocorrência de cheias e de inundações e contribuir para a permeabilidade do solo, estimada em 91%. Ao mesmo tempo, é garantida a regularização fluvial da Ribeira da Asprela, com uma extensão de 594 metros, e que faz soar a sua leve música um pouco por todo o parque.
A iniciativa parte ainda, par além do esforço de contenção de cheias, de uma “renaturalização de uma área que estava perdida na cidade, que estava cheia de entulho, que era uma zona perigosa”, voltando a ofertar aquele espaço aos cidadãos, que dele podem usufruir para aumento da sua qualidade de vida. Nesse sentido, Rui Moreira diz acreditar que a infraestrutura “vai dar uma nova vida ao campus universitário, e principalmente contribuir para o bem-estar ambiental e para a mobilidade”, tento todas as condições “mesmo para pessoas com dificuldade de mobilidade, que vão poder andar pelo parque”.
De facto, se são os recursos hídricos as grandes estrelas do Parque da Asprela, que terá espelhos de água, está também prevista a sua articulação com as estruturas verdes e os percursos pedonais, previstos para pessoas com mobilidade reduzida, e cicláveis, onde os portuenses podem aproveitar para um passeio de fim de tarde ou para prática da atividade física.
“Esta zona era absolutamente fundamental, porque aqui passa muita gente, aqui vive muita gente, há muita gente aqui à volta que vai poder utilizar este parque para não ter de se deslocar ao parque da cidade ou ao parque oriental”, diz o atual autarca, reforçando assim a estratégia seguida nos últimos dois mandatos, de dotar a cidade de vários espaços, em todos os seus polos, onde os cidadãos se possam sentir acolhidos na natureza.
Mas se a requalificação e renaturalização da natureza é uma peça fundamental deste tipo de iniciativas, acredita-se ainda que estas podem ajudar na própria socialização dos portuenses, ajudando na convivência e na manutenção de uma cidade mais saudável e igual. Paulo Farinha Marques, arquiteto paisagístico responsável pelo parque, refere que a obra permite, exatamente, “tornar o espaço super acessível, super percorrível, onde se celebre biodiversidade, recreio, cultura e, sobretudo, o encontro das pessoas”.
“Os parques são lugares extraordinários para agilizar a escada social, que é uma coisa grave, que nós não conseguimos resolver num curto intervalo de tempo, mas que, ao longo de séculos, isto não foi nada inventado agora, se vem verificando que são locais onde a paridade é exercida mais cedo que noutros sítios, porque aqui nós parecemos mais iguais uns aos outros e praticamos essa igualdade”, explica.
A reabilitação deste espaço corresponde a um investimento superior a 1,6 milhões de euros e está inserida num plano muito maior de oferta de espaços verdes à cidade, numa ética de sustentabilidade e combate às alterações climáticas. “Para terem ideia”, comentou Rui Moreira “nós em termos da expansão de espaços verdes estamos a falar, no total de qualquer coisa como 220.000 m2 na cidade. São 22 campos de futebol. E uma requalificação de espaços já existentes que equivale a 540.000 m2. São 54 campos de futebol”.
O Porto passa, assim, por um período tão intenso de reabilitação ambiental que as preocupações ambientais e de sustentabilidade estão, na verdade, inscritas no novo Plano Diretor Municipal (PDM), aprovado em maio deste ano. Este plano distingue-se por uma nova abordagem às questões da sustentabilidade e da qualidade do ambiente urbano, partindo ainda de um esforço coordenado de adaptação do território aos desafios das alterações climáticas.
Com efeito, o novo PDM prevê 404 hectares de áreas verdes públicas, além de dar relevo à expansão das áreas verdes e à qualificação e desentubamento das ribeiras.
O Manifesto Eleitoral de “Rui Moreira: Aqui Há Porto”, na mesma linha, prevê ainda uma continuação da expansão dos espaços verdes com base no novo PDM, fazendo uso de soluções de base natural, com novos parques urbanos, e investindo nos jardins de proximidade que ganharam uma importância e reconhecimento ainda maiores por parte dos portuenses.
Assim, além da construção do Parque Urbano da Asprela, está em curso o remate poente do Parque da Cidade, que nunca ficou concluído desde a sua construção, há 20 anos. Esta terceira e última fase da obra, do arquiteto paisagista Sidónio Pardal, pressupõe a naturalização de uma parte da zona alcatroada do Queimódromo, a criação de três novas áreas arborizadas, bem como a melhoria a acessibilidade na zona de transição entre o parque, o viaduto e a beira-mar. O investimento da Câmara Municipal do Porto ronda os 2,8 milhões de euros.
No Parque de São Roque, por seu turno, há duas intervenções simultâneas a registar. Por um lado, a beneficiação do parque, nomeadamente no que concerne à reabilitação dos caminhos, ao reforço das luminárias e à modernização do mobiliário urbano, entre outras intervenções que concorrem para adaptação do Parque de São Roque às exigências de bem-estar de quem dele usufrui.
Paralelamente, está em curso a ampliação da área verde em mais de 1,2 hectares. A intenção é ir plantando novas espécies arbóreas, para reduzir substancialmente a dependência dos eucaliptos, aproveitando-se ainda a intervenção para reabilitar a rede de caminhos internos do parque.
Já o futuro Parque da Alameda de Cartes, que interceta com o Parque Oriental (espaço verde que duplicou de área, passando dos 8 para os 16 ha), vai, em grande medida, resolver o problema de mobilidade da população local, principalmente da que reside no Bairro do Falcão. Hoje, os caminhos que são de terra e gravilha, serão – num futuro que se quer próximo – um contínuo urbano arborizado. A intervenção insere-se no URBiNAT e o investimento, que conta com fundos europeus e uma parte municipal, está orçado em cerca de 1,4 milhões de euros.
Na Praça da Corujeira, cujo projeto de requalificação já foi encontrado após o lançamento de um concurso de ideias promovido pela autarquia, vão-se privilegiar os valores ecológicos, a funcionalidade e o bem-estar da população. O prato forte será uma reconfiguração profunda ao nível dos trajetos interiores pedonais e cicláveis, bem como a inovação de um edifício-bar elevado à copa dos plátanos que distinguem o jardim. Quatro milhões de euros é o orçamento apontado para esta obra municipal.
Há ainda planos para criar um novo parque urbano na zona da Lapa. Terá de ser construído sob terrenos que são maioritariamente privados, inserido no grande plano urbanístico de regeneração da Lapa também previsto pelo Município. Neste momento, o projeto ainda está a ser concretizado, mas tudo aponta para que a empreitada venha a começar no próximo ano, sendo o custo estimado cerca de 1,4 milhões de euros.
Por fim, é intenção avançar com a requalificação da centenária Praça da República e de todo o espaço público envolvente, até à Igreja da Lapa, de modo a que a vivência deste jardim histórico, que seguramente será mais verde, possa ser concretizada como nunca antes foi.
O novo PDM prevê ainda benefícios fiscais para os proprietários de jardins privados que pretendam abrir os seus portões.
O Município do Porto é uma referência europeia na sustentabilidade e ambiente, assumindo a posição de líder da maior rede europeia de cidades, o Fórum do Ambiente do Eurocities.