O presidente do conselho de fundadores do Porto, o Nosso Movimento lamentou que as acusações formuladas pelo Ministério Público, que considera não serem sustentação nem nos depoimentos a que teve acesso nem aos factos, sejam depois usadas pelos seus inimigos.
“Há quatro anos atrás pesava também sobre mim esta acusação e na altura o Ministério Público arquivou o processo. Depois, por razões que desconheço, recomeçou novamente sem nenhum facto novo. Também é surpreendente que, mais uma vez, coincidente com o calendário eleitoral, surjam estas acusações que depois são usadas pelos inimigos”.
Esta distinção, entre inimigos e adversários, é propositada. Para Rui Moreira, os inimigos são aqueles que “tentam, por antecipação, condenar uma pessoa que nunca foi condenada”. “Quando em vez de fazerem política recorrem a este argumentário para tentar destruir aquilo que é o meu bom nome junto da população, chegando ao ponto de dizer que, por causa disto, não poderia concorrer à Câmara Municipal do Porto”, e esquecendo-se que prevalece a presunção de inocência, comentou.
Os “tempos perigosos” a que fez referência na sua declaração sobre o processo conhecido como caso Selminho, à data de ontem decorrem precisamente do facto de ter havido, na sua opinião, “uma tentativa de substituir a política pelos tribunais”, reforçou esta tarde na entrevista conduzida pelo jornalista José Pedro Frazão, a partir dos estúdios de Lisboa.
Rui Moreira, que já ontem tinha dito na RTP2 que a única diligência que tinha encetado nesta fase instrutória – para que o advogado externo que a Câmara do Porto contratou ainda no tempo do seu antecessor, Rui Rio, fosse ouvido – foi rejeitada pela juíza que avaliou o processo, reiterou hoje que “estamos hoje na mesma situação que em dezembro”.
“Um dia o assunto há-de ser julgado e, nessa altura, não só poderei depor como apresentarei as provas que tenho e as testemunhas que entenda”, declarou.
“Recordo que quando cheguei à Câmara do Porto a minha família tinha comprado um terreno, tinha direitos construtivos sobre o terreno que reclamava junto da Câmara Municipal do Porto, e hoje a minha família não recebeu nenhuma indemnização, não tem direito a nenhuma indemnização, e perdeu o terreno para a Câmara Municipal do Porto. Convenhamos que se isto é beneficiar a minha família estamos conversados”, concluiu Rui Moreira.
Ouça aqui a entrevista na íntegra, que também aborda a opinião de Rui Moreira sobre a forma como o líder do PSD tem-se referido ao caso, e ainda a avaliação que está a fazer sobre uma eventual recandidatura à Câmara do Porto, uma vez que, nas últimas 24 horas, tem sido cada vez mais incentivado a avançar por cidadãos de todos os quadrantes políticos.