Que o PSD tinha demonstrado os seus verdadeiros intuitos ao ter tentado, em 2017, vencer o Movimento Independente na secretaria, já sabíamos. Também já sabíamos que, não contente com o veredicto do tribunal àquela data, não se daria por derrotado, e que prepararia, para momento ulterior, uma nova investida.
Fê-lo, no verão do ano passado, com o seu compagnon de route PS, empreendendo uma série de alterações à lei autárquica que têm como único objetivo inviabilizar e dificultar, até ao limite da exaustão, a apresentação das candidaturas de grupos de cidadãos eleitores.
Houve quem dissesse na Assembleia da República que a lei era dirigida a Rui Moreira, um “fato à medida” do bloco central. Não poderíamos estar mais de acordo. O centrão continua com uma espinha atravessada na garganta: a presidência independente da segunda maior câmara municipal do país.
A Associação Cívica – Porto, o Nosso Movimento aplaude, por uma vez, que o PSD se tenha revelado em toda a sua mesquinhez: votando contra uma moção que mais não quer do que apelar ao Governo e Parlamento pela simplificação do processo eleitoral e pela desburocratização da apresentação de candidaturas por grupos de cidadãos eleitores, ao mesmo tempo em que – pasme-se – aprovou na mesma sessão da Assembleia Municipal todas as propostas da esquerda.
A estratégia do líder de bancada, que é nada mais nada menos do que o presidente da distrital do Porto do PSD e presidente da Junta de Freguesia de Paranhos acaba, assim, por demonstrar a vassalagem ao líder do partido, qual ventríloquo de uma história da carochinha, na qual nem o mais incauto João Ratão cai.
Aos três deputados que votaram a favor da referida moção – Alberto Lima, Pedro Duarte e Luís Osório – a Associação Cívica – Porto, o Nosso Movimento louva a coragem, a independência e a liberdade de pensamento perante um vil ataque ao pleno exercício da democracia de que estamos a ser alvo.